O Drama Rosa

Após mais uma derrota do Cerezo Osaka na J.League, goleada por 4 a 0 para o Yokohama F. Marinos, os questionamentos sobre o trabalho realizado por Akio Kogiku começam a se intensificar e uma permanência para 2025 talvez já não seja tão garantida.
Um dos maiores clubes do Japão, tetracampeão da Copa do Imperador, o Cerezo Osaka jamais venceu a J.League. Muito pelo contrário, é possível dizer que o Cerezo não é um time de sucesso na “era J.League”.
Até 1992, última temporada antes da criação da J.League, o Cerezo (ainda sob nome de Yanmar Diesel) tinha 5 campeonatos japoneses e 3 Copas do Imperador, era o time de maior sucesso ao lado do Mitsubishi (atual Urawa Red Diamonds. Após 1993, apenas 1 Copa do Imperador (2017), 1 Copa da J.League (2017) e 1 Supercopa do Japão (2018), mas também três rebaixamentos à J2.League…e mesmo assim não voltou como campeão da segunda divisão.
Até hoje, a melhor colocação do Cerezo Osaka, na primeira divisão, desde 1993, foi a terceira colocação em 2017 e em 2010. Existe uma segunda colocação em 2000, mas nesta época a J.League era dividida em duas fases e os vencedores de cada fase se enfrentavam na final, ou seja, o Cerezo teve uma segunda colocação em uma das fases, mas no geral não foi o segundo colocado.
É possível dizer que o maior objetivo deste clube é vencer a J.League pela primeira vez, tanto que o clube segue investindo para tal. Do meio de 2023 até o momento em que esta coluna é escrita, o Cerezo trouxe Shinji Kagawa, Kyohei Noborizato, Lucas Fernandes, Shunta Tanaka e, principalmente, Vitor Bueno, a 10ª maior contratação da história da liga.
O time começa bem a J.League de 2024, consegue ser líder por duas rodadas, mas rapidamente começa a cair. Na 10ª rodada, o Cerezo era o líder do campeonato, mas termina o primeiro turno na 6º lugar, fora da zona de classificação para as competições asiáticas.
Na janela de transferências de verão, o time vendeu Seiya Maikuma, o principal jogador da equipe na primeira parte do campeonato de 2024, o lateral da Seleção Japonesa foi vendido ao AZ Alkmaar, da Holanda. Enquanto isso, o clube trouxe o jovem Niko Takahashi, da base do Barcelona.
Começa o segundo turno, a hora da verdade, Akio já começava a sofrer questionamentos após algumas derrotas com o desempenho abaixo dos atletas e uma estratégia ineficaz da comissão técnica.
Na 12ª rodada, comentei na Rádio Mirai o Osaka Derby, diante do Gamba Osaka e me lembro perfeitamente de como Kogiku caiu na armadilha do rival “como um pato”. Tudo que o Cerezo tentava criar ou produzir dentro de campo, era facilmente anulado pelo Gamba, que tinha todas as formas para vencer o derby, e assim o fez.
Na rodada seguinte, mais um duelo local, contra o Vissel Kobe, e uma derrota por 4 a 1 dentro de casa. Os mesmos problemas defensivos, a fraqueza na hora de criar e a inoperância defensiva, além de uma atuação PATÉTICA de Jin-hyeon Kim, o goleiro titular.
A única coisa que parece funcionar no Cerezo de Kogiku é o atacante Leó Ceará, que tem 17 gols na atual temporada. Mas não adianta nada se o treinador não consegue tirar o melhor de seu sistema defensivo.
É fato que o Cerezo investiu e conseguiu montar um bom sistema ofensivo no papel. Lucas Fernandes, Léo Ceará e Vitor Bueno, municiados por Kagawa deveriam ser quase imaparáveis…mas eu não lembro de uma vez que os 4 jogaram juntos.

No segundo turno, o Cerezo tem campanha de clube rebaixado. É a 17ª campanha do returno, apenas à frente de Sagan Tosu, Hokkaido Consadole Sapporo e Júbilo Iwata (porque os 3 clubes atrás ainda não jogaram na 28ª rodada). Nas últimas 3 rodadas, foram 3 derrotas com 3 gols marcados e 11 gols sofridos, repito, ONZE GOLS SOFRIDOS!
Para um clube que almeja ser relevante no cenario nacional é inadmissível que este nível de desempenho seja alcançado, mesmo com um elenco bem montado e com poucas deficiências no papel.
Hoje, uma goleada para um time que está com um treinador interno, mas que faz campanha oposta à do Cerezo. Iniciou a liga no meio de tabela, focando na AFC Champions League, foi vice-campeão continental e o baque da derrota pro Al Ain jogou o Marinos para perto da zona de rebaixamento.
Mas o clube de Kanagawa faz a 3ª melhor campanha do returno, atrás apenas de Sanfrecce Hiroshima e Kyoto Sanga. Tudo isso após o clube identificar que a saída de Harry Kewell era necessária, coisa que o Cerezo ainda não entendeu com Kogiku.
Pessoalmente, não vejo mais como esse trabalho pode evoluir e o Cerezo tem a possibilidade de ir ao mercado e tentar usar o desejo de ter um projeto vencedor para atrair um nome de peso para o clube ainda em 2024, para que 2025 possa ser o ano das Sakuras!