É hora da revolução!
A cada seis meses, o futebol japonês treme e enxerga o modelo falido em que se encontra dentro de um mundo do futebol cada vez mais globalizado e mercadológico. Uma revolução é necessária e de maneira urgente!
Janela atrás de janela, a J.League e seu futuro continuam a ser humilhados e explorados pelo mercado europeu, os melhores jogadores japoneses são vendidos a preços baixissímos e, mais recentemente, as jóias futuras deixam o Japão antes mesmo de serem protagonistas na liga local.
Só nesta última janela, vimos Rento Takaoka já ser DOADO ao Southampton, saíndo direto da escola para a Premier League. Agora vemos Kento Shiogai, que tem apenas SETE jogos de J.League a ponto de se juntar ao NEC Nijmegen, da Holanda, também a custo zero.
As transferências gratuitas não são novidade para o torcedor e para o jogador japonês. Na última convocação de Hajime Moriyasu para a seleção masculina principal, dos 26 jogadores convocados, 22 atuam na Europa e renderam à J.League um total de 15,3 milhões de euros. Em média, cada jogador deixou o Japão por quase 700 mil euros.
Esse número assusta, mas assusta ainda mais que, de acordo com o Transfermarkt, OITO desses 22 atletas deixaram a J.League de graça ou por valores desconhecidos. Entre esses jogadores estão TAKEFUSA KUBO, que trocou o FC Tokyo pelo Real Madrid DE GRAÇA, além de Wataru Endo, que deixou o Urawa Reds por um valor desconhecido.
A venda mais cara da lista da seleção foi de Ritsu Doan, que foi vendido pelo Gamba Osaka ao Groningen (Holanda) por 1,7 milhão de euros! Jogadores como Takumi Minamino, por exemplo, ficaram abaixo de 1 milhão.
Ainda de acordo com o Transfermarkt, dentre as 15 maiores vendas da HISTÓRIA da J.League, apenas 3 jogadores são japoneses (10 são brasileiros). Até hoje, a venda mais cara é a de Hulk, que trocou o Tokyo Verdy pelo Porto em 2008.
Dos atletas japoneses mais caros, Kyogo Furuhashi é a maior transferência. O Celtic pagou 5,3 milhões de euros ao Vissel Kobe em 2021, já o Sint-Truiden (Bélgica) pagou 4 milhões ao Urawa pelo goleiro Zion Suzuki e o Brighton desembolsou apenas 3 milhões por Mitoma também em 2021.
Nesta temporada, tivemos as vendas de jogadores com convocações para a seleção japonesa, como Atsuki Ito (trocou o Urawa Reds pelo Gent, da Bélgica), Takumu Kawamura (deixou o Sanfrecce Hiroshima rumo ao RB Salzburg, da Áustria) e Seiya Maikuma (chegou ao AZ Alkmaar, da Holanda, vindo do Cerezo Osaka). Além de um dos artilheiros da liga Yuki Ohashi (saindo do Sanfrecce Hiroshima para o Blackburn, da Inglaterra).
Todas as saidas geraram um “lucro” de 9,5 milhões de euros aos clubes da J.League, de acordo com o Transfermarkt. Em média, cada atleta gerou pouco mais de 1 milhão de euros aos clubes.
Isso tudo sem mencionar os dois jovens que estão saído do futebol escolar/universitário de maneira gratuita e que frequentam as seleções de base do Japão.
Tudo isso é um problema GIGANTESCO para a liga. A J.League naturalmente não possui o poderio financeiro saudita, não é capaz de contratar jogadores por grandes valores e, quando consegue um bom nome, é de graça.
Neste momento a liga se escora em jogadores japoneses que retornam da Europa após “fracassarem” no sonho europeu, atletas africanos vindos de mercados alternativos, atletas asiáticos também de mercados alternativos e um ou outro sul-americano/europeu que quer um novo desafio.
O simples relato do português Gonçalo Paciência poder reforçar o Sanfrecce Hiroshima é o suficiente para deixar a fan-base da J.League “ouriçada”, mas todos sabemos que Paciência não terá 10% do peso que qualquer contratação estrangeira tem na Liga Saudita.
Quase não existem rumores, ou tentativas, de se contratarem grandes nomes capazes de dar peso à J.League. De Gea esteve no mercado por um ano até acertar com a Fiorentina, Dele Alli está disponível, assim como Sergio Ramos, que parece estar prestes a acertar com um clube pequeno da Arábia Saudita.
A falta de atitude dos clubes japoneses é irritante! Não se incomodam em segurar atletas e não se importam em contratar atletas (ou treinadores, já que Xavi está no mercado). O zagueiro espanhol citado anteriormente postou uma foto no Japão e com uma camisa retrô do Nagoya Grampus, como é possível que nenhum clube japonês sequer perguntou a ele: “Sergio, quer jogar na J.League?”
Tudo o que citaramos é reflexo de um sistema falido e corrompido, onde os jogadores querem ir pra Europa desesperadamente, sem confiar em nenhum plano de carreira, os agentes querem lucrar com as transferências dos seus agenciados, sem se preocupar em oferecer a eles um plano de carreira, enquanto clubes liberam os atletas a preços baixos sem conseguir repor a altura ou melhorar o nível da liga.
É preciso romper com esse sistema e revolucionar mais uma vez o futebol japonês, antes que a J.League se torne o “próximo” campeonato uruguaio.